Por André L. Pavesi
Com revisão e sugestões de Caio Bezarias.

Prezados visitantes e amigos,

 Segue abaixo mais um dos contos do nosso Midnite, nosso estimado mundo da meia-noite – uma visão fantástica e distorcida da nossa amada metrópole, de seus becos e vielas, não apenas do que vemos e vivemos na noite, mas principalmente das possibilidades de cada momento, de cada cena. Um dos nossos escritores favoritos costuma dizer que a base de toda a sua extensa obra é a especulação, as famosas perguntas “…não seria divertido se?”, “…e se isso acontecesse?”, e outros tantos “E se…?” que costumam rondar nossas mentes.

Acredito que grande parte do prazer dessa nossa jornada reside justamente em pegar algo, uma idéia ou uma cena, e revira-la, desvenda-la, distorce-la, vira-la do avesso, até chegar a alguma coisa apresentável. Ou até ficar perturbador o suficiente…

Neste conto, mais uma vez, tentamos expandir nossos horizontes, fugindo ao “tradicional” cenário vampiros X licantropos, e incluindo um outro clássico do horror: os fantasmas.

Carpe Noctem!!

“Vivendo entre mortos”

Meu nome é Marcos Carvalho, mas todo mundo me chama de Carvalho. Para colocar a coisa de forma bem simples, eu vejo pessoas mortas. Não, não, esqueçam esse papo sobre garotinhos assustados em filmes do Bruce Willis, ou garotas lacrimosas em seriados da TV a cabo; eu vejo mortos pra valer, de todos os tipos possíveis. Vejo desde aqueles pobre-coitados que nem sabem que morreram, até os maiores filhos da puta que você possa imaginar, cuja grande diversão no pós-vida é atormentar a vida de todo mundo. Mas os fantasmas e aparições são a parte light da coisa toda – o bicho pega mesmo com outras criaturas do submundo que circulam por aí, principalmente alguns tipos que poderíamos chamar de demônios.

Se eu fosse mais afetado, ou mais cara-de-pau, poderia chamar a mim mesmo de guru, vidente, adivinho, ou algum outro título bacana, e ganhar rios de dinheiro com previsões e livros de auto-ajuda. Mas, como ainda tenho alguns escrúpulos (não muitos, é verdade!), prefiro tocar minha vida da forma mais normal possível, só me metendo com o sobrenatural quando ele bate à minha porta. Mas aprendi a agir assim a duras penas.

 

Ainda me lembro da primeira vez que cruzei com um morto. Ou melhor dizendo, uma morta. Uns dez anos atrás, estava tomando uma cerveja, tranqüilo, no Tokyo Road, um desses bares de rock do Bixiga, tentando chegar ao final da minha noite bem acompanhado. De repente, no começo do balcão, perto da entrada do bar, eu vi uma garota de uns vinte anos correndo na minha direção. Era fácil manter os olhos nela, já que no meio daquele bando de gente só vestindo roupas pretas e camisetas de bandas de rock, a menina usava um vestido longo, desses meio hipongos, bege clarinho, que naquela luz indecente típica dos bares de rock parecia branco, quase transparente. Na hora me senti num daqueles clipes de rock farofa dos anos 80, ela parecia correr em câmera lenta, os cabelos esvoaçantes, passando no meio das pessoas, sem olhar para os lados. Quando passou por mim, um arrepio percorreu minha espinha! Apanhei minha cerveja e resolvi ir atrás dela pra saber o motivo de tanta pressa.

Quando alcancei a garota, ela já estava na pista principal do Tokyo, no meio dos freqüentadores que dançavam normalmente, sem nem se dar conta da presença dela. De repente, meu sangue gelou: a menina caiu de joelhos, gritando e levando as mãos ao rosto. Quando cheguei mais perto, pude ver que da raiz dos seus cabelos escorriam filetes grossos de sangue, que acabaram cobrindo suas mãos e seu rosto.

Corri até ela com um nó na garganta, o som da pista parecendo abafado pelas batidas do meu coração, apenas para vê-la desaparecer na minha frente antes que pudesse alcançá-la. Olhei em volta e nem sinal dela!!

 

Parte II

 

Fiquei uns dois minutos parado sem saber o que fazer, sem ar, debruçado pra frente e apoiado nos meus joelhos, tentando não vomitar. Se naquela época eu já tomasse minhas amigas coloridas, iria achar que tinha tido um delírio dos bravos, mas eram outros tempos, antes de começar meu relacionamento com essas malditas bolinhas. Estava tentando imaginar como aquela garota podia ter sumido no ar, quando de repente ela entrou novamente na pista, pela mesma passagem de antes, passou através de mim e sumiu!!

Isso mesmo, eu disse ATRAVÉS DE MIM!!!

Encurtando a história, tempos depois descobri que ela era uma antiga freqüentadora, um caso de uma noite de um dos donos, que havia se matado em uma noite qualquer da década de 80,  na época que o Tokyo Road era uma recém inaugurada casa noturna pós-punk. A coitada estava revivendo o momento da sua morte, presa num ciclo sem fim.

Encontrei ao longo dos anos muitos fantasmas como ela, presos em um ciclo interminável de dor e morte, mas também encontrei outros tantos que vagavam pela cidade, sem saber como partir para o descanso eterno; infelizmente encontrei também criaturas de puro mal, que exudavam ódio contra tudo que era vivo.

Como aconteceu, por exemplo, quando enfrentei meus piores pesadelos num sobrado na zona norte de São Paulo.

Acho que foi uns dois anos depois de cruzar com a hiponga no Tokyo Road; na época, eu já estava me acostumando bem com o outro lado, já interagia melhor com as aparições, e devo confessar era um tanto quanto arrogante com meu “poder”. Engraçado pensar que na época eu pensava nisso como um poder, uma benção, e não como uma maldição. Claro que algumas aparições ainda me faziam borrar as calças – tente acordar de um cochilo no metrô com um sujeito sem o tampo da cabeça sentadoao seu lado fumando tranquilamente!! – mas de modo geral a imensa maioria era inofensiva.

Um dia, estava fazendo hora na redação do atualmente extinto “Notícias do Povão”, o jornal mais sanguinolento que São Paulo já conheceu, e comprador de grande parte da minha produção como fotógrafo freelancer, quando a matéria da capa me chamou a atenção:

“SUICÍDIO EM CASA MAL-ASSOMBRADA NA ZONA NORTE”

A matéria, no melhor estilo espreme-sangue, descrevia como uma adolescente de 16 anos havia tirado a própria vida; o artigo tentava estabelecer um vínculo com outro suicídio, ocorrido na mesma casa trinta anos antes. Contava também os relatos de antigos moradores e vizinhos, que alegavam ouvir barulhos estranhos na casa, e até o depoimento de um pastor evangélico, que havia tentado exorcizar o demônio da casa.

Imediatamente procurei pelo repórter da matéria, Chicão Silveira, um desses veteranos do jornalismo, cheios de histórias e conhecedor de grandes atalhos e fontes. Ele me deu toda a ficha do caso, inclusive alguns detalhes que ficaram pra trás na mesa de edição, devido ao espaço da coluna.

Na verdade, aquele não era apenas o segundo suicídio naquele sobrado, mas sim o mais recente de uma série de mais de uma dúzia de mortes não-naturais, entre suicídios, assassinatos e até mesmo duas mortes causadas por um pequeno incêndio ocorrido no mesmo quarto onde a garota se matou. Chicão me contou então que havia pesquisado algumas informações extras, e descoberto que se fossem contabilizados todos os moradores que morreram naquela casa, contando aí enfartes, derrames e outras mortes “naturais”, a contagem chegaria facilmente a trinta corpos.

Levei todo o material disponível pra casa, jurando que além de devolver tudo pro Chicão depois da pesquisa, ele teria prioridade de escolha sobre qualquer foto ou material que eu produzisse sobre o caso. Acabei passando a noite em claro, relendo e tomando notas sobre o material. O sobrado havia sido construído no final da década de 1920, numa área então isolada e de difícil acesso. Giuseppe Persollo, o sujeito que o construiu, aparentemente havia feito uma fortuna negociando com os imigrantes do final do século XIX, das mais diversas nacionalidades. Depois da morte do sujeito em 1942, a casa ficou fechada até o final da Segunda Grande Guerra, aparentemente por que nenhum familiar dele foi localizado. Com a chegada de alguns refugiados do pós-guerra a São Paulo, a casa acabou sendo tomada por uma família de imigrantes, supostamente parentes do falecido Persollo. Ao longo das décadas, a história ganhou um padrão claro: alguma família alugava a casa, depois de alguns anos alguém morria ou se matava, a casa ficava fechada por um tempo, sendo novamente alugada para uma nova família de desavisados.

No dia seguinte, segui para o endereço, e devo confessar que quando olhei pro sobrado fiquei com um puta nó no estômago; o desgraçado era grande paca, e sob o sol de fim de tarde, parecia sombrio e repulsivo, como se estivesse pronto pra devorar qualquer um que se aproximasse. Toquei a campainha, fui recebido pela corretora que havia contatado no começo do dia por telefone, a mulher estava desesperada pra se livrar daquele abacaxi tamanho-família.  Tão desesperada que concordou em me deixar passar a noite no lugar, em troca de uma matéria favorável que descartasse a hipótese de assombração do imóvel.

 

Parte III

 

Logo que fiquei sozinho na casa, senti que havia algo muito fodido ali. É difícil explicar, mas algo no ar, ou como diriam os sensitivos profissionais, uma “vibração especial”, deixava claro que ali havia algo de muito errado. Já tentou respirar no meio de um engarrafamento num túnel? Pois é, a sensação é mais ou menos parecida.

Até aquele dia eu achava que tudo o que eu poderia fazer era tentar conversar com os fantasmas para convencê-los a irem embora, ou pelo menos tentar entender melhor o porquê deles estarem presos aos lugares. Quem me dera eu estivesse certo.

Passei rapidamente pelos cômodos da casa, deixando o quarto mais importante, onde haviam ocorrido a maioria das mortes, por último. Sem dúvida alguma, eu estava realmente abusando da minha arrogância, mas já entrei no quarto metendo o pé na porta. A cena que presenciei era no mínimo bizarra: pendurado nas vigas do teto havia um corpo. Era o garoto que havia se matado na casa nos anos 60, vestido como um desses diletantes da época – engraçado que o cachecol afetado no pescoço dele formava um contraponto interessante com a corda que o prendia ao teto. Na hora veio na minha cabeça todo o turbilhão de sentimentos e frustrações dele, um jovem homossexual reprimido na base da surra pelo pai truculento, um pobre e ignorante trabalhador braçal, que preferiu ver o filho morto a aceitá-lo como era.

Depois do garoto, consegui contato com mais uma meia dúzia de pobre-coitados, presos naquela casa, todos com histórias parecidas de sofrimento e depressão. A cada nova aparição, eu mergulhava mais e mais no mundo deles. Aos poucos, pude perceber que a pintura das paredes e a decoração do cômodo mudava conforme a aparição, como se refletindo a época de cada um deles.

De repente, sem o menor aviso, um urro enraivecido invadiu o ambiente, e me vi isolado no escuro, como se toda a luz houvesse se extinguido. Um cheiro podre parecia brotar de toda a parte, e ficou praticamente impossível respirar normalmente. Logo depois as paredes passaram a emitir uma fraca luminosidade rubra, que parecia escorrer pelas paredes como vomito. Senti o chão tremer e explodir, me jogando do outro lado do quarto. Claro que na hora me borrei de medo, o ar parecia girar num redemoinho como sendo sugado pelo buraco no chão. Do rombo aberto, subia uma fumaça escura, algo marrom, algo vermelha, e uma voz sinistra, que alternava tons graves com tons agudos estridentes, invadiu minha mente:

MEUMINOMECHIAMOÉLEGIÃOLEGIONE!!”

Com um estouro, uma brecha se abriu no ar, bem ao meu lado; por ela saía o barulho de gritos e passos marchando. A brecha se expandiu, e eu não estava mais no quarto, mas de volta aos anos de serviço militar, sendo obrigado a limpar as botas de meu sargento com minha própria escova de dentes!!!

MEUMINOMECHIAMOÉLEGIÃOLEGIONE!!”

 Fui sugado subitamente de volta ao quarto, que parecia cada vez mais com uma representação em tamanho gigante de um órgão putrefato, as paredes escorrendo em manchas roxas, verdes e amarronzadas, pulsando como se estivessem vivas…

MEUMINOMECHIAMOÉLEGIÃOLEGIONE!!”

Estava agora na rua onde cresci, me vi com 14 anos de idade de novo, cercado por garotos mais velhos, todos já passados dos 18 anos, que me cercavam para me bater com correntes de bicicletas, paus e pedaços de ferro, como vingança por causa de um cinema que eu havia assistido com a irmã mais nova de um deles; revivi cada golpe, cada paulada como se estivesse lá de novo – e quem podia garantir que realmente não estivesse?

MEUMINOMECHIAMOÉLEGIÃOLEGIONE!!”

De volta ao quarto!As paredes pareciam se fechar sobre mim, como se para me engolir…ouvi vozes conhecidas, minha mãe gritando comigo como nunca havia gritado, me chamando de marginal, meu pai me ameaçando com sua cinta, dizendo que eu era um vagabundo inútil por não seguir seus passos na Magistratura, minha primeira namorada séria rindo abraçada ao seu novo namorado, vozes do passado, repetindo cada má noticia, cada tropeço, cada deboche sofrido…

MEUMINOMECHIAMOÉLEGIÃOLEGIONE!!”

Último ano de faculdade, eu e minha garota presos em um engarrafamento dentro do túnel do Anhangabaú, chuva torrencial do lado de fora e a água subindo, subindo rápido, travando as portas do carro sob o peso da água…

MEUMINOMECHIAMOÉLEGIÃOLEGIONE!!”

Oito anos de idade, desafiado por meus colegas a entrar num casarão abandonado, mal-assombrado para todos os fins…quarto escuro, pequenas réstias de luz passando através de frestas nas janelas, um barulho surgindo do alto das escadas…um grito morrendo na minha garganta…

MEUMINOMECHIAMOÉLEGIÃOLEGIONE!!”

Mais uma vez de volta ao quarto, mais um pulo antes de ser jogado de novo pro meu passado, senti meu corpo todo tremendo, minhas mãos suando frias e apoiadas nas tábuas do quarto…de repente, uma certeza fria invadiu minha cabeça:

MEUMINOMECHIAMOÉLEGIÃOLEGIONE!!”

–          Por que você não cala essa maldita boca?  – Mal pude acreditar quando essas palavras saíram da minha boca!

A brecha que se abria diante de mim, para mais um salto, tremeluziu na minha frente, como uma projeção falhando. Cerrei os punhos e fechei os olhos com força – resista! resista! resista! resista! resista! resista! resista! resista! – tornando a abri-los em seguida, mais uma vez no quarto, as paredes ainda se retorcendo como coisas vivas, pedaços do reboco pingando como vermes, o cheiro de algo morto enchendo minhas narinas.

Só que desta vez, ao meu redor flutuavam todos os espíritos e aparições que haviam falado comigo naquela noite, além de mais uns dez que não havia visto, todos congelados no momento de suas mortes. Do peito de cada um deles, saiam fios rubros e negros, retorcidos, que se uniam uns três metros sobre a minha cabeça, perto do teto do casarão, numa bola girante, num emaranhado de veias, sangue, dor e morte.

         MEUMINOMECHIAMOÉLEGIÃOLEGIONE!!”

          – Já não te mandei calar a boca, Legião…ou deveria dizer Persollo?

Nesse momento, o emaranhado começou a girar mais rápido, até que explodiu, cobrindo todo o quarto com restos de ectoplasma. Ao alcance do meu braço, também cercado pelos fantasmas da casa, estava a chave de todo o mal ali presente, o sujeito que havia construído a casa e sua fortuna com o suor e o sangue de dezenas de imigrantes, explorados das mais diversas formas. Era uma figura velha, que parecia mais velha do que o tempo de tão carcomida e encurvada, com as mãos em forma de garra segurando algum tipo de pacote junto ao peito, que eu rapidamente deduzi que se tratava de uma bolsa de dinheiro. Do seu rosto, enrugado e coberto de feridas, destacavam-se apenas os óculos fundo-de-garrafa e o nariz adunco, inchado e cheio de veias pulsantes. Atadas as suas pernas e aos seus braços, grossas correntes o prendiam aos quatro cantos do quarto. Percebi então que ele era tão prisioneiro ali quanto aqueles coitados à nossa volta, um prisioneiro com liberdades de carcereiro, mas ainda sim um prisioneiro.

Podia sentir o ódio emanando dele. Se passar pelo cramulhão era um truque antigo, utilizado contra dezenas de jovens almas no passado. Instantaneamente percebi que cada um dos que haviam morado naquela casa revivia noite após noite seus piores pesadelos e temores. Os mais fortes de espírito, venciam os pesadelos e se mudavam logo dali; os mais fracos, ficavam presos numa rede de desespero e depressão.

Nesse momento, fiz algo que nunca havia feito antes, e que Deus me perdoe, queria nunca mais ter voltado a fazer. Estiquei meus braços, e enfiei minhas mãos dentro do peito de Persollo. Conectei-me com toda a sua essência podre, sua força vital profana. Naquele momento soube de todos os detalhes de uma vida inteira de desvario, cada ritual estudado por ele nos seus anos de marinheiro nos portos esquecidos do outro lado do mundo, compartilhei das memórias de cada visita sua a uma seita de adoradores de criaturas mais antigas que as estrelas. Santo Deus!! Era tamanha podridão, tantas figuras e símbolos inimagináveis, tantos nomes que não podem ser pronunciados!!

Acompanhei sua chegada ao Brasil, uma terra pura a ser corrompida, o estabelecimento de suas rotas comerciais convenientes para trazer imigrantes ilegais e escravizados, assim como eventualmente outros adoradores do inominável. Só pude gritar aos céus por perdão quando algo se rompeu dentro de mim, e sem saber direito como, comecei a absorver a energia fantasmagórica dele!!! Como um vampiro de energias, suguei cada gota de força daquela alma profana, que caiu aos meus pés enquanto sua energia se tornava minha.

Sinceramente, só dei por mim novamente ao raiar do dia seguinte. De alguma forma, percebi que todas as almas haviam sumido, embora somente as energias e memórias do desgraçado Persollo fizessem agora parte de mim.

Essa é a história do meu pior pesadelo tornado realidade. Neste ponto adoraria dizer que depois daquele dia nunca mais absorvi as energias de outros espíritos e aparições, que não me viciei nessa energia e no estado de euforia total que me atinge após sugá-la como um sifão energético, e que não comecei a tomar minhas amigas coloridas, uma mistura perigosa de anfetaminas, calmantes e alucinógenos, para tentar me livrar desse vício e de toda a dor que ele me traz, pois cada alma que absorvi atormenta minha mente 24 horas por dia!!. Mas infelizmente essa é minha história, e nem sempre na vida as histórias acabam bem.